Uma pesquisa recente da Organização Mundial de Saúde mostrou que 1 a cada 100 mortes no mundo são causadas por suicídio, tais dados apontam que essa é considerada como uma das maiores causas de morte, se tornando assim um grande problema de saúde mental.
Percebemos que o tema suicídio ainda é um tabu na sociedade. Muitas pessoas evitam falar sobre e pessoas que pensam no ato também se calam, ou muitas vezes quando dizem o que está acontecendo, não recebem atenção necessária de quem está ao seu redor. Esse silêncio pode ser entendido como um grande problema, pois dificulta o acesso a informação e contribui para o aumento de casos fatais.
Para a psicanálise, o suicídio pode ser visto como uma forma de se acabar com algum sofrimento interno insustentável. Muitas vezes a morte pode ser vista como uma carta na manga, para usar quando a vida se torna insuportável. Como se fosse um aprisionamento onde a escolha pela morte fosse a solução. Podemos entender o ato suicida como uma forma de repetição mortífera, que pode levar o sujeito a tentativa do ato como forma de finalizar a angústia.
“O homem suporta a vida pela possibilidade que dispõe de matar-se. A morte é o que torna a vida possível. A vida é real e a morte simbólica, e se o real é o impossível, viver é o exercício da impossibilidade. E o suicídio é uma escolha capaz de dar um significado à vida quando ela chega ao limite da impossibilidade”. (CARVALHO, 2014, p. 145).
São diversas as causas que podem levar alguém a um estado de angústia avassaladora. Todo sujeito pode vivenciar diversas situações traumáticas e marcantes ao longo da vida, como um abuso sexual na infância, a morte de um ente querido, o rompimento de um relacionamento, o fim do ciclo de um emprego, dificuldades financeiras e isolamento social. Também percebemos que há uma ligação do suicídio a transtornos mentais e abusos de drogas.
O sujeito quando está nessa situação de sofrimento precisa receber apoio de quem está ao redor (amigos e familiares) e ter acesso a um tratamento adequado com psicólogo, psicanalista e/ou psiquiatra. A psicoterapia tem um papel importante, pois permite oferecer ao sujeito espaço para falar livremente sobre sua dor, sem qualquer julgamento ou interrupção. O psicólogo ou psicanalista tem o papel de ouvir o sujeito o ajudando a identificar a sua posição diante de algumas falas que se repetem e qual é a sua participação diante do sofrimento.
É de grande importância a boa relação entre o profissional e o paciente pois essa transferência pode levar o sujeito a abrir mão de sua condição atual e buscar o seu lugar de existência no mundo. O objetivo é fazer com que o sujeito possa abrir mão da possibilidade de morte como forma de acabar com a angústia e buscar outras estratégias possíveis de resignificar tal situação.
Se você se encontra diante dessa situação de sofrimento, não hesite em buscar ajuda profissional. Ou se você convive com alguém que demonstra sinais ou que já manifestou o desejo de encerrar a própria vida, ofereça ajuda, saiba que apoio emocional é de extrema importância.
Texto escrito por Marcilene Martins
Psicóloga CRP 04/56723
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